sexta-feira, 5 de março de 2010

O diário odiável.

Com algumas pedras no caminho, se chega ao mar. Essa é a minha primeira impressão do dia que se materializa no criado mudo ao meu lado. Alguns números vem em mente, ignoro e tomo um suco de laranja, com gominhos que disfarçam a não naturalidade do produto. É bom e faz a gente esquecer do pé de laranja para começar a achar que existem pés de tetra pak. Delícia. Qualquer dia enterro uma caixa e fico regando pra ver no que dá.

Mas isso não vem ao caso, vou de encontro a minha roupa do dia, me troco, pego um troco e tranco a porta. Chego no ponto, perco o primeiro, ganho o segundo. O motorista não ta com cara de bons amigos, em compensação o cobrador faz cara de bom dia, mas não fala nada.

Tropeço nalgumas palavras e aperto o play dos transeuntes do busão:

A moça de cabelos ao vento fará uma entrevista. O rapaz lendo o Metro não sabe o que faz. O moleque que passa embaixo da catraca não vê que sua vida não passa de um fantoche de nobre. A mulher de vermelho pensa nos zeros depois da vírgula e torce para que as compras do mês durem um ano. O cara que se veste descontraído logo terá a melhor idéia de sua vida: deixar de ter idéias.

Aperto o botão, desço e venho trabalhar. Vejo figuras, leio futilidades e ainda estou próximo do horário de almoço. Já esqueço do conto e conto os caracteres para colocar logo um ponto nisso tudo. Ou três? ...

3 comentários:

Unknown disse...

hey pucci, adorei o texto!
bjs
bruna vernaschi

Kaka disse...

Já diria o Thomas, "Tudo que você faz é bom, Flávio". hahahaha :P Irado o texto. :)

Dalton disse...

Muito bom, fico contente por ver este blog atualizado